quarta-feira, 12 de maio de 2021

Gil Mário e sua contribuição vanguardista



O artista plástico Gil Mário (na foto de Ribeiro Rvd, com Ligia Motta), que completa 45 anos de artes visuais, expôs "Florestabilidade" na Galeria Jenner Augusto, em Aracaju, Sergipe, entre maio e junho de 2014, com curadoria de Lígia Motta.

No programa distribuído no vernissage consta o artigo "A Arte do Sertão", assinado por Dimas Oliveira e Thatiana Miloso, originalmente publicado na revista "Estilo Damha", edição de agosto e setembro de 2013. A revista é editada em São Paulo e de circulação nacional - 20 mil exemplares auditados - dirigida.

A Arte do Sertão

Feira de Santana se rende às linhas e cores de Gil Mário, artista plástico que levou sua arte às ruas da cidade Caminhar pelas ruas de Feira de Santana (BA) pode revelar surpresas que vão além das percepções habituais provocadas pelos grandes centros urbanos. A cidade, que é a maior do interior nordestino em população, tem tudo o que se espera de um município com pouco mais de meio milhão de habitantes: arranha-céus, vida noturna agitada, universidades importantes, indústrias e comércio pujante. Mas a "Princesa do Sertão", como é carinhosamente chamada por seus moradores, também surpreende por sua vocação para a arte, estampada em cores, linhas e formas que embelezam a paisagem do semiárido baiano. Um dos que contribuem para esse ar vanguardista de Feira de Santana é Gil Mário, artista plástico nascido em Salvador que há mais de 50 anos se dedica à profissão. Suas telas e esculturas carregadas de manifestações surrealistas, e famosas por expressarem sua paixão pela flora e fauna do semiárido nordestino, tornaram-se objetos de desejo dos cidadãos feirenses aficionados por arte. Mas sua obra não se restringiu às barreiras físicas comuns da produção artística. Presença garantida em casas, prédios e galerias da cidade, o trabalho de Gil atingiu uma nova dimensão ao extrapolar os espaços internos para ganhar as ruas da cidade. Os que circulam pela Avenida Presidente Dutra sabem bem o que isso significa. Sobre a rotatória da Praça Jackson do Amaury, na região central de Feira de Santana, um enorme monumento projetado pelo artista confere um pós-modernismo à paisagem, mesclando o design futurista da estrutura metálica à opulência do concreto armado. Representando, respectivamente, a carroceria e a cabine de um caminhão, as duas peças se integram para formar o "Monumento ao Caminhoneiro", obra construída em 2007 para homenagear os milhares de motoristas que cruzam as estradas baianas levando o progresso para o Estado e para o Brasil. A poucos quilômetros dali, novamente a paisagem semiárida é ofuscada pela arte. Desta vez, uma escultura em homenagem à poetisa Georgina Erismann salta aos olhos de quem circula pela Avenida João Durval Carneiro. Na forma de duas asas alçando voo, a obra expressa a liberdade criativa da célebre poetisa feirense, no momento da criação do hino de Feira de Santana. A autoria da obra? Gil Mário, que prefere atribuir à cidade o mérito pela devoção à arte: "Feira de Santana ainda tem rasgos de memória e retribui aos seus benfeitores, dando exemplo para as futuras gerações". Palavras humildes, para quem tem talento de sobra.


Por Dimas Oliveira, jornalista e crítico de arte

Publicado no facebook em 03/05/2021


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