quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Faleceu a critica de arte Matilde Matos

Foto: A Bahia reverência a mais festejada crítica de arte neste século

Faleceu ontem, dia 17, em Salvador, onde morava há muitos anos, a mais festejada critica de arte da Bahia, Matilde Matos. Sua relação com Feira de Santana é duradora, resultado de sua formação intelectual e formal adquirida na vivência do Colégio Santanópolis, desde sua fundação em 1933.

Matilde, uma das estudantes destacadas na área cultural, mudou-se para Salvador onde escrevia para vários jornais locais, divulgando os principais movimentos artísticos e culturais da Bahia e do mundo.

Sua estreita relação com Feira de Santana continuava, quando ela mantinha constante divulgação dos artistas feirenses, promovendo e os incluindo nos movimentos culturais que liderava com a categoria e respeito alcançado nos meios artísticos.

Em Salvador dirigia a escola de inglês EBEC, localizada no Canela, com filial no bairro da Pituba, onde o espaço era aproveitado para promover várias exposições coletivas e individuais.

Os artistas baianos viviam cortejando sua amizade para obter um espaço entre os escolhidos. E assim foi a longeva vida de uma amiga de minha mãe Maria Cristina, que viveu quase um século a serviço da cultura deixando um legado da evolução nas artes visuais deste fértil período de sua convivência na terra.

A vida é um pequeno espaço para quem produz tanto em prol da coletividade enaltecendo terceiros, sem interesse próprio deixando um legado inestimável de nomes formados a partir do privilegio nato para pinçar os selecionados para o efêmero sucesso das artes em geral. Como escritora destaco o livro, quase um dicionário das artes, “50 anos de Artes na Bahia – Matilde Matos’’. Na edição, feirenses como Raimundo Oliveira, César Romero, Washington Falcão, Gil Mário, Juraci Dórea e Caetano Dias.

Segundo Henri Bergsun em linhas gerais, bem como com sua teoria implícita sobre a educação e com a educadora, mulher, desempenhando, com seu feeling, um papel diferenciado nesse processo voltado para a intuição como um dos principais meios cognitivos. Desta forma, seguiu as ondas da vida ate o apagar da luz, Viva Matilde Matos!

Por Gil Mário, publicado no Jornal Folha do Estado em 20/01/2021

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Racismo, uma diferença



Foto: Grilhões da escravatura 

Para descrever através da escrita tema tão polêmico e contraditório, parto do principio que na face da terra “existe uma única raça: a humana”.
O escravismo e o racismo nada têm em comum. “As razões porque se adotou o regime de trabalho escravo foram de origem econômica e, repousaram basicamente no custo da empresa colonizadora.” O racismo é uma questão de intolerância humana, segundo José Augusto Conceição.
Interessa-nos, especialmente, como afirmei antes, ressaltar a diferença entre racismo e escravidão. Nas Américas predomina o escravo de cor preta decorrente dos navios negreiros originados da África. Racismo é denominar os habitantes da América do Norte, Central e do Sul de latinos e hispânicos, pejorativamente, depreciando os imigrantes, amarelos de asiáticos e brasileiros de pardos (sua maior população).
Escravos já existiam desde antigas civilizações, quanto a Suméria, Chineses da Dinastia Han, e o Império Romano. Portanto, não é uma invenção de brasileiros. No Brasil, a extinção da escravatura culminou com a “assinatura da lei Áurea, em 13 de maio de 1888 decretando o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre outra”. Não somos os últimos escravocratas como divulgam: na Nigéria extinguiu-se em 1930, na Arábia Saudita em 1962, na Mauritânia em 1980, entre outros como Camboja, Paquistão, Índia, China, Etiópia, Rússia, Tailândia, Congo, Mianmar e Bangladesh. Quanto à cor negra, não é identidade de escravo, as expansões do Império Romano, por exemplo, renderam espólios de guerras com a captura de povos Celtas, Germânicos, Trácios, Eslavos, Cartaginenses e Etíopes com características da pele branca olhos azuis e cabelos loiros. Desta forma, escravidão não implica na cor da pele e sim, gera uma controvérsia que sociologicamente é revisto e do qual a genética também inicia uma revisão. A recompensa de cotas para ingressar em universidades ou empregos desmerece a inteligência dos iguais. Com isso, estou a afirmar que não é mais o racismo o que obliterar a mobilidade social ascendente das populações negras. O racismo é sim, um problema que persiste no âmbito do imaginário social brasileiro exigindo, pois, instrumentos psicossociais para seu enfrentamento.
O “Poeta dos Escravos”, Antônio Frederico Castro Alves no século XIX, era conhecido como abolicionista destacando em suas poesias a miséria do degredo. “Ontem simples, fortes, bravos.// Hoje míseros escravos,// Sem luz, sem ar, sem razão... // São mulheres desgraçadas, // Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas,// De longe vêm...// Trazendo com tíbios passos // Filhos e algemas nos braços,”.
Um exemplo de racismo religioso, geográfico e fanatismo perverso mata Samuel Paty, de 47 anos, que ensinava geografia e história em escola no subúrbio de Paris. Segundo o jornal Le Monde o professor foi decapitado em reação a liberdade de comentar sobre críticas da revista satírica Charlie Hebdo sobre o profeta Maomé.
A intolerância racial chega com frequência aos campos de futebol e a agressão física muitas vezes a todas as fronteiras. Vamos concluir com as esperanças do monsenhor Gaspar Sadoc: “Senhor da Vida e autor da luz, eterna fonte e eterna força; uma nova aurora já está prenunciando um novo mundo, para, na justiça e na paz, realizar-se a civilização do amor.”