domingo, 6 de setembro de 2020


Desmatamento versus progresso



                                                Foto: Agressões das queimadas 

O progresso da civilização no mundo foi graças à evolução na produção de alimentos

Certa vez, o filósofo italiano Umberto Eco, nascido em 1932, foi convidado a falar sobre tecnologia para um importante jornal norte-americano sobre qual era a invenção mais importante do homem no último milênio. “Surpreendentemente, sua resposta não foi a Internet, o computador a televisão ou o antibiótico. Para ele, a maior inovação do homem foi o domínio das técnicas de agricultura, que custou centenas de anos para serem controladas e consolidadas, possibilitando que o homem europeu vencesse além da fome, as pestes que se alastravam na Idade Média”.

Como conciliar produção agrícola e mata nativa? Promovendo sustentabilidade científica e manejos racionais das grandes áreas que se propõem rentáveis e produtoras de alimentos.            

Apesar de o Brasil tornar-se um celeiro na produção de alimentos abastecendo inúmeros outros países, a fome persiste por questões políticas e econômicas. Atualmente, estima-se que um bilhão de pessoas em todo o mundo sofram com esse problema. A pobreza não é exclusiva de países ou regiões pobres. Também se manifesta nas periferias de grandes e pequenas cidades de países ricos e emergentes como o Brasil.                   

Mesmo considerando o altíssimo nível técnico que o Brasil tem alcançado no “Agronegócio”, superando até a pandemia causada pela covide-19, quando se fala em sustentabilidade e descaso com o manejo administrativo da Bacia Amazônica, o Brasil sofre ataques de dirigentes europeus ameaçando a soberania nacional. Não se trata de uma área de terra com um riozinho no meio. São nove grandes estados: Pará, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Acre, e parte do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.                                                          

As queimadas tão citadas como causa do desmatamento pernicioso, inflamam ativistas internacionais como a adolescente sueca Greta Thunberg defensora contumaz dos índios e florestas.          

Com tudo, a geografia da Amazônia Continental passa ainda por nove países: Guiana, Peru, Surinami, Equador, Venezuela, Colômbia, Guiana Francesa, Bolívia e Brasil. Todavia não se pode nomear o Brasil como único “predador” oficial da floresta.   “Ainda que a expulsem com focado a Natureza voltará a aparecer”, assim permitam, (Quinto Horácio Flaco, um dos maiores filósofos e poetas da Roma Antiga).      

A sustentabilidade é o foco, vários ativistas se pronunciaram como Chico Mendes (1944-1988) seringueiro e que hoje passaram a criadores de gado por falta de competitividade com o látex. Um artista Polônez Frans Krájcberg de 1921 radicado no Brasil materializava suas esculturas com madeira resultado de queimadas. Faleceu aos 96 anos defendendo as florestas, outro aficionado, Sebastião Salgado, chegou a representante da UNICEF recebendo várias honrarias, o Greenpeace e o Banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau, entre outros se envolveram nesta problemática. 

Além destes heróis, devemos acordar os políticos brasileiros e incrustar certa dose de patriotismo (palavra que o brasileiro não gosta muito) com o intuito da preservação dos nossos limites geográficos – nossas fronteiras.     Alguns dirigentes como o Senhor Emmanuel Macron, um Napoleão do século XXI gostariam de transformar a Amazonas em “Clube de oxigênio” sob a direção de um conglomerado de países para administrarem o maior ecossistema de floresta contínua do mundo. “O meio ambiente esta no interior da ecologia faz parte dela, não é separado”. Ecologia é uma ciência e o meio ambiente faz parte do objeto de estudo dela. Se a maioria do questionamento é a produção de oxigênio, é preciso lembrar os oceanos onde se encontra a produção de fitoplâncton responsável por 55% do oxigênio no planeta. Mesmo porque a fotossíntese realizada pelas florestas na ausência do sol produz gás carbono. O verdadeiro pulmão do planeta são os oceanos, as algas. “Se somarmos o oxigênio produzido pela fotossíntese de todos os oceanos, teremos mais oxigênio do que aquele produzido pelas florestas” garante a oceanógrafa Elizabete de Santes Braga.                                                                

Acredito que a seca prolongada facilite grandes queimadas a exemplo do Pantanal com perda de um milhão de hectares neste ano de 2020, uma ação da natureza que tem atingido outros países. “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la” Bertolt Brecht. Uma proposta a ser incorporada ao contexto.

 

Gil Mário

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana

Feira de Santana, 2020

 

 

 Meu último trabalho realizado na dimensão 100 x 220 cm, AST, 2020

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Noventa anos cultivando amizades, arte e cultura


Foto: Matilde Matos e Marinita Menezes

A festejada crítica de arte Matilde Matos e a Professora Maria Cristina Menezes “Marinita”, tem em comum o hábito de cultivar amizades. O que fazem prazerosamente há 90 anos.

Matilde Augusta de Matos nasceu em 1927, na cidade de Caicó, Rio Grande do Norte. Veio a fixar residência em 1933, no Estado da Bahia, inicialmente em Serrinha e posteriormente na cidade de Feira de Santana, estudando no Colégio Santanópolis onde conheceu Marinita (minha mãe).

Na comemoração do aniversario de 90 anos de Marinita, constatei a presença de amigos do tempo das férias em Itaberaba, na residência de meus bisavós. Ainda solteiras e jovens fizeram amizades duradouras com Margarida Mendo Mendonça, Lelita Vaz de Queiroz, Noelia Sincurar de Andrade, Nilda Mascarenhas de Castro, Evoá Ferreira e Antônia de Loreto entre outros.

As amizades continuaram em Feira de Santana, época que o Sr. Mendo, pai de Margarida, gerenciava o único correio e telégrafo da cidade, funcionando em frente a nossa casa, nas imediações da Prefeitura Municipal. Quanto a Matilde, considerada de inteligência diferenciada, liderava as atividades esportivas do Santonópolis e não faltavam passeios ao Parque Bernardino Bahia, na época área de lazer e amizades. Em 1968, Matilde transferiu sua residência para a capital, Salvador, assumindo uma coluna no Jornal da Bahia onde abordava atividades culturais e artísticas da cidade e regiões. Sempre requisitada para criar e coordenar grandes eventos nesta área. Fui também beneficiado por suas ações com o registro no livro “50 anos de Arte na Bahia”, obra que todo artista gostaria de ser citado.

Representante da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte e da AICA -  Associação Internacional de Críticos de Arte, coordenou o I Salão de Artes Plásticas do Museu Regional de Feira de Santana, em 1980,  e o II Salão em 1984. Nestas datas a grande feira livre da cidade já estava confinada no Centro de Abastecimento desde janeiro de 1977, mais Feira continuou produzindo cultura e artes plásticas através de seus artistas. Matilde é personagem incentivadora desta produção.

Acredito que a longevidade esteja relacionada à regularidade da vida, amigos e trabalhos constantes, talvez contribuam para este sucesso.

Existe uma teoria divulgada por Sidarta Gautama (Buda) transformada na condensação de suas leis que diz: “o sofrimento surge do desejo”; “a única forma de se livrar totalmente do sofrimento é se livrar totalmente do desejo”. Certamente essas pessoas alcançaram essa máxima, vivendo a felicidade que Deus deu.

O Colégio Santanópolis, desde 1933 já pensava em promover arte e cultura, além da educação formal seu objetivo alvo. Com isto, promoveu em 1951 a primeira exposição de Raimundo de Oliveira, atualmente festejado artista visual brasileiro e imortalizado em suas obras. Para historiar sobre o colégio que vivenciei na minha adolescência, começo pelos meus avós o Deputado Áureo Filho e Palmira Sampaio de Oliveira, família de educadores que elevou o nível intelectual e quebrou a monotonia educacional da cidade, inovou no ensino e estimulou a cultura. Com essa máxima e propósito, minha mãe Marinita, estudou e ensinou no colégio. Em seguida frequentou a Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e pós-graduação em Biologia na Universidade de São Paulo, também é Licenciada em História Natural pela Faculdade de Filosofia da UFBA, além de extenso currículo. Desta forma, habilitou-se para dirigir em Salvador, o Colégio Carlos Santana e de volta a Feira de Santana, assumiu a direção geral do Colégio Assis Chateaubriand. No governo de Luiz Viana Filho, tendo como Secretário de Educação professor Edvaldo Boaventura, juntamente com o médico Geraldo Leite e alguns deputados da terra, participaram das primeiras reuniões para a criação da Universidade em Feira de Santana culminando na atual UEFS. Com a inauguração, em 1976, tornou-se professora Titular da Cadeira que exerceu até sua aposentadoria como Conselheira. Minha mãe casou-se com Gilberto Torres de Menezes (falecido) e teve cinco filhos, Gil Mário, Maria Lina, Jamile, Gilberto e Betânia.

Feira de Santana, 2020

Foto: Marinita e Gilberto Menezes

Gil Mário, AST, 100 x 100 cm, 2020


domingo, 5 de julho de 2020

As guerras, a cor, e “minha não violência”

 
 O globo terrestre, uma das cenas mais icônicas do cinema político. O grande ditador


Em tempo de pandemia, os livros, a televisão e a cama são companhias constantes. Com isto, o documentário comemorativo dos 74 anos do “Dia D”, a operação Overlord em1944 que mudou os rumos da 2ª Grande Guerra Mundial, possibilitando a invasão da Normandia na França, focalizou a miséria sofrida pelos jovens soldados causando mais de 10.400 mortes nos aliados em meio a erros e enganos estratégicos. Mesmo assim, um pontapé inicial para a derrota de Hitler liderando a Alemanha Nazista.
As batalhas na África do Norte Francesa causaram mais de 10.000 mortes, números repetidos e banalizados por alguns analistas da guerra. Se não bastasse a existência dos campos de concentração e extermínios dos Nazistas, matando milhões de civis e prisioneiros.
Adolfo Hitler promoveu o maior leque de racismo de todos os tempos: de judeus, ciganos, negros, homossexuais, deficientes físicos, comunistas e tudo mais que não fosse raça ariana. Por isso, “os arianos tinham o direito de escravizar as raças inferiores”.
Suponho que os piores anos da guerra foram entre 1941 e 1942 com 43.381 civis mortos e 50.856 feridos onde os submarinos de Herr Hitler varriam os Oceanos Pacifico e Atlântico.  Em Cingapura, 85 mil homens foram aprisionados e em Tobruk mais de 33 mil aliados foram presos. No inicio uma derrota atrás da outra.
Em abril de 1945, Hitler recebeu a noticia da morte de Mussolini. O momento era lugubremente apropriado. No dia 30,“ Hitler almoçou calmamente com sua gente e, ao final da refeição, trocou aperto de mão com os presentes e se recolheu ao seu quarto.  As 15h30mim ouviu-se um tiro e os membros de sua equipe pessoal entraram no quarto, encontrando-o caído no sofá com um revolve ao lado. Matara-se com um tiro na boca.”  -Memórias da Segunda Guerra Mundial de Winston Churchill, (Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura).                          
Não só Hitler promoveu genocídios, flagelo humano, sofrimento, guerras e destruição em massa principalmente de jovens e suas famílias: Mitos sem propósitos humanistas, em busca da gloria pessoal como Napoleão Bonaparte, César Augusto, Mussoline, Alexandre, e os mais sanguinários, Josef Stalin, Mao Zedong, Gengis Khan, Hirohito, Leopoldo II etc. (AH aventuras na história, atrocidades e crimes).  Não analiso países, mais os líderes criando ficções e envolvendo coletivos humanos para aventuras desastrosas.  
Exemplifiquei neste primeiro momento a miséria das guerras propiciando o deslocamento de 80 milhões de refugiados pelo globo, fugindo da escuridão de seus países de origem. Agora falo sobre grandes heróis: homens que minimizaram o ódio do racismo branco ou nego, religioso ou escravagista contra o apartheid na África do Sul ou a liberdade da Índia.   
“O filho de José e de Maria nasceu como todos os filhos dos homens. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo”, disse José Saramago.
As raras atitudes humanas de “Minha não violência” só conheço em Gandhi, lutando pela independência da Índia, do racismo da cor e das castas.   Admirava Buda devido ao consequente amor comprovado por todo tipo de vida e não meramente para com os seres humanos. Segundo Jad Adams em “Ambição Nua.” Gandhi traduziu Satyagraha como “firmeza na verdade”, seu lema politico e não “resistência passiva”, como muitos divulgam.
Dentre estes, não podemos deixar de citar a saga de Nélson Mandela. Condenado a pena de morte, depois revogado para 27 anos de prisão e libertado em 1990. Mandela: “Dediquei minha vida à luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca e a dominação negra. Meu ideal é o de uma sociedade livre e democrática em que todas as pessoas vivam em harmonia com iguais oportunidades”. Ele conseguiu algum sucesso na África do Sul, mas o resto do mundo continua uma cocha de retalhos com todas as cores se digladiando.
Os homens sempre viveram na era da pós-verdade. “O Homo sapiens é uma espécie da pós-verdade, cujo poder depende de criar ficções nelas. Desde a Idade da Pedra, mitos que se autorreforçavam serviram para unir coletivos humanos. Realmente o Homo sapiens conquistou esse planeta graças, acima de tudo, à capacidade exclusiva dos humanos de criar e disseminar ficções. Somos os únicos mamíferos capazes de cooperar com vários estranhos porque somente nós somos capazes de inventar narrativas ficcionais, espalhá-las e convencer milhões de outros a acreditar nelas.”-Yuval Noah Harari.
Sempre que políticos começarem a falar em termos místicos, tenha cuidado. Podem estar tentando disfarçar e desculpar sofrimento real, escondendo-o sob palavras grandes e incompreensíveis. Em especial, tenha cuidado com as seguintes quatro palavras, sacrifício, eternidade, pureza, redenção. Se ouvir qualquer uma delas, faça soar o alarme. E se caso você vive num país cujo líder diz rotineiramente coisas como “Seu sacrifício vai redimir a pureza de nossa nação eterna”- saiba que você está em grandes apuros.         
                                                    
 Gil Mário
 Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana / 2020
                                                                                                                                        

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Feira de Santana, clima e pandemia em 2020


Foto: Máscara do século XIV para proteção da peste Bubônica

Feira de Santana é, sem duvida, uma grande cidade. Suas largas e pujantes avenidas dividem a cidade promovendo entendimento de trajetória: Avenida Getúlio Vargas e Presidente Dutra que são cortadas pela Avenida Senhor dos Passos e Avenida Maria Quitéria.
Ruy Barbosa apelidou Feira de Princesa do Sertão. Na realidade é o Portal do Sertão. Bem sucedida no comércio, chega a ser a 33ª ou 34ª maior do país. Apaixonando seus moradores, sua temperatura ultrapassa com facilidade os 22°C e beira os 38°C com frequência. No entanto, a progressão do clima que tanto preocupa governos e cientistas no mundo todo com aumento de frequência de terremotos, furacões, temporais, emanações toxicas como o carbono, vulcões e tsunamis entre outras reações da natureza, passam ao largo de nossa cidade e seguem para outros rincões.
Segundo David Wallace-Well, autor do livro “A terra inabitável” revela que o serviço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos – longe de ser um reduto de alarmismo, testou recentemente um cenário climático extremo, onde tempestades de inverno atingiram a Califórnia produzindo inundações de quinhentos quilômetros de extensão e mais de trinta quilômetros de largura.
Em 2016, o celebre acordo climático de Paris, conclamou pelas nações do mundo para não permitirem que o clima atinja os 2°C. A raça humana corre o risco de extinção por ações predatórias – agressões à natureza conhecidas por ecologistas e cientistas.
Pesquisadores falam da existência de vírus pré-históricos retidos nas calotas polares. O degelo pode liberar uma tragédia e nem sempre descobrimos sua origem. Em 2018, Paul M. Romer ganhou o Prêmio Nobel compartilhado com William D. Nordhaus que foi pioneiro no estudo do impacto econômico da mudança climática. O sofrimento da humanidade estava previsto em decorrência do clima ou dos desconhecidos vírus.
Ninguém previu um desastre econômico e humano tão destruidor causado por agentes invisíveis – coronavírus – Covid 19 – de nível global só comparado com a peste Bubônica, mesmo considerando a evolução dos tempos.
No século XIV, entre 1346 e 1353 a peste Negra ou peste Bubônica devastou um terço da população do planeta. Só na Europa 60% da população morreu.  Dizem que veio dos genoveses, depois da guerra com os mongóis, viajando nos ratos e pulgas. Entre outras, a gripe Espanhola, Ebola com histórico semelhante quanto ao desconhecimento do controle. Agora em 2020, a pandemia do novo coronavirus - Covid 19, que não tem nenhum estudo recente de combate, com reposta cientifica comprovada.
Como é uma guerra global onde o inimigo comum é o vírus Covid 19, as nações não se digladiam entre si. Todos unidos em busca das drogas ou vacina que barrem este desastre. Entre as respostas no fundo do túnel a hidroxicloroquina ou associada com azitromicina tem tido resposta favorável (sem confirmação cientifica).
A circulação de vírus entre continentes, hoje facilitado pelo transporte aéreo é conhecido por todos. Na antiguidade muito mais lenta, navegadores portugueses espalharam as gripes e varíola para os indígenas, em troca os índios devolveram para a Europa, à sífilis (bactéria Treponema pallidum). Artistas da época como Gauguin, Vincent van Goghe foram contaminados e Manet faleceu.
A pandemia do Covid 19 também acometeu a politica de estados brasileiros, que não tinham visibilidade nacional e se aproveitaram para praticar os hábitos de ditadura, autorizando ate a guarda municipal de prender civis em áreas públicas. Uma verdadeira manifestação de prepotência, esquecendo o objetivo global. Até o Papa Francisco pediu que os políticos esquecessem seus partidos e pensasse no povo.
Por tanto epidemias devastadoras sempre perseguiram a humanidade de tempos em tempos. Além das pandemias, McPherson supõe que algo como uma crise de alimentos ou colapso financeiro destruirá a civilização primeiro, e no fim, o pânico. Com tudo, ajudado por Deus, o homem sempre dá a volta por cima.
Gil Mário
Artista Visual
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana