segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Noventa anos cultivando amizades, arte e cultura


Foto: Matilde Matos e Marinita Menezes

A festejada crítica de arte Matilde Matos e a Professora Maria Cristina Menezes “Marinita”, tem em comum o hábito de cultivar amizades. O que fazem prazerosamente há 90 anos.

Matilde Augusta de Matos nasceu em 1927, na cidade de Caicó, Rio Grande do Norte. Veio a fixar residência em 1933, no Estado da Bahia, inicialmente em Serrinha e posteriormente na cidade de Feira de Santana, estudando no Colégio Santanópolis onde conheceu Marinita (minha mãe).

Na comemoração do aniversario de 90 anos de Marinita, constatei a presença de amigos do tempo das férias em Itaberaba, na residência de meus bisavós. Ainda solteiras e jovens fizeram amizades duradouras com Margarida Mendo Mendonça, Lelita Vaz de Queiroz, Noelia Sincurar de Andrade, Nilda Mascarenhas de Castro, Evoá Ferreira e Antônia de Loreto entre outros.

As amizades continuaram em Feira de Santana, época que o Sr. Mendo, pai de Margarida, gerenciava o único correio e telégrafo da cidade, funcionando em frente a nossa casa, nas imediações da Prefeitura Municipal. Quanto a Matilde, considerada de inteligência diferenciada, liderava as atividades esportivas do Santonópolis e não faltavam passeios ao Parque Bernardino Bahia, na época área de lazer e amizades. Em 1968, Matilde transferiu sua residência para a capital, Salvador, assumindo uma coluna no Jornal da Bahia onde abordava atividades culturais e artísticas da cidade e regiões. Sempre requisitada para criar e coordenar grandes eventos nesta área. Fui também beneficiado por suas ações com o registro no livro “50 anos de Arte na Bahia”, obra que todo artista gostaria de ser citado.

Representante da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte e da AICA -  Associação Internacional de Críticos de Arte, coordenou o I Salão de Artes Plásticas do Museu Regional de Feira de Santana, em 1980,  e o II Salão em 1984. Nestas datas a grande feira livre da cidade já estava confinada no Centro de Abastecimento desde janeiro de 1977, mais Feira continuou produzindo cultura e artes plásticas através de seus artistas. Matilde é personagem incentivadora desta produção.

Acredito que a longevidade esteja relacionada à regularidade da vida, amigos e trabalhos constantes, talvez contribuam para este sucesso.

Existe uma teoria divulgada por Sidarta Gautama (Buda) transformada na condensação de suas leis que diz: “o sofrimento surge do desejo”; “a única forma de se livrar totalmente do sofrimento é se livrar totalmente do desejo”. Certamente essas pessoas alcançaram essa máxima, vivendo a felicidade que Deus deu.

O Colégio Santanópolis, desde 1933 já pensava em promover arte e cultura, além da educação formal seu objetivo alvo. Com isto, promoveu em 1951 a primeira exposição de Raimundo de Oliveira, atualmente festejado artista visual brasileiro e imortalizado em suas obras. Para historiar sobre o colégio que vivenciei na minha adolescência, começo pelos meus avós o Deputado Áureo Filho e Palmira Sampaio de Oliveira, família de educadores que elevou o nível intelectual e quebrou a monotonia educacional da cidade, inovou no ensino e estimulou a cultura. Com essa máxima e propósito, minha mãe Marinita, estudou e ensinou no colégio. Em seguida frequentou a Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e pós-graduação em Biologia na Universidade de São Paulo, também é Licenciada em História Natural pela Faculdade de Filosofia da UFBA, além de extenso currículo. Desta forma, habilitou-se para dirigir em Salvador, o Colégio Carlos Santana e de volta a Feira de Santana, assumiu a direção geral do Colégio Assis Chateaubriand. No governo de Luiz Viana Filho, tendo como Secretário de Educação professor Edvaldo Boaventura, juntamente com o médico Geraldo Leite e alguns deputados da terra, participaram das primeiras reuniões para a criação da Universidade em Feira de Santana culminando na atual UEFS. Com a inauguração, em 1976, tornou-se professora Titular da Cadeira que exerceu até sua aposentadoria como Conselheira. Minha mãe casou-se com Gilberto Torres de Menezes (falecido) e teve cinco filhos, Gil Mário, Maria Lina, Jamile, Gilberto e Betânia.

Feira de Santana, 2020

Foto: Marinita e Gilberto Menezes

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