quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Áureo Filho na "Serpentina"

O "Blog Demais" postou em 11 de fevereiro e o "Blog Santanópolis replicou no dia 14:
"Na revista "Serpentina", nº 1, de abril de 1941, editada por Pedro Matos, a foto legenda:"É com máxima satisfação que estampamos em nossas páginas o clichê do nosso amigo Dr. Áureo Filho, feirense ilustre, moço de uma cultura pouco comum, diretor do Ginásio Santanópolis, obra que muito tem concorrido para o engrandecimento desta terra que lhe serviu de berço e quiçá do Brasil”.

Referência  à Àureo de Oliveira Filho (1902-1976) por tratar-se do avó materno de Gil Mário

Áureo Filho teve sua formação acadêmica em Odontologia e foi deputado estadual por quatro legislaturas, sempre objetivando a melhoria da educação brasileira. Fundador do grande Colégio Santanópolis (primeiro do interior do estado) estimulava a pratica da cidadania, o desenvolvimento da ciência e como admirável orador, transformou essa qualidade em estimulo aos que se profissionalizavam a partir do Santanópolis: Governadores, Ministros de Estado, Secretários de Estado, Desembargadores, Conselheiros de Tribunais, Deputados, Prefeitos, Profissionais Liberais, Comerciantes, e Industriais.
“(...) Mais, não foi só no campo educacional que Áureo atuou. Como bom feirense, lutou, em várias oportunidades, pelo desenvolvimento da cidade: na batalha pela rede elétrica de Bananeiras; Paulo Afonso; pela água encanada; pela criação do Aeroclube, pela instalação do Matadouro Frigorífico, pela criação do Rotary Clube, pelo asfaltamento e duplicação da rodovia Feira Salvador, pela melhoria da rede telefônica a criação do Observatório Antares, pela criação da Universidade (UEFS) e por tantos outros empreendimentos pelo desenvolvimento de Feira de Santana.
Falar em algo que pudesse beneficiar sua cidade tinha em Áureo um grande aliado. A sua última batalha foi pela criação da Universidade de Feira ao lado de Fernando Pinto, Geraldo Leite, Wilson Falcão e Hugo Navarro através da  Assembléia Legislativa do Estado da Bahia e do Jornal Folha do Norte, seus grandes companheiros de ideal. Viu finalmente concretizado o seu grande sonho, na compreensão, na inteligência e no espírito público (...)". Prof. Joselito Falcão Amorim


Liderando a educação de Feira


Edivaldo M. Boaventura
Educado, escritor, presidente da Academia de Letras da Bahia.
Em linha direta, gerações de professores foram responsáveis pelo crescimento da educação em Feira de Santana. Certamente que muito favoreceu a proximidade de Salvador, que concentrava não somente quase toda a educação superior como também o ensino médio. O posicionamento de Feira em relação a Salvador é parecido com o de Campinas e a cidade de São Paulo. Haja vista o número de professores que ensinam, concomitantemente, na capital soteropolitana e na cidade princesa.
Sucessivas iniciativas conduziram à criação da universidade. Destacam-se a Escola Normal, o Colégio Santanópolis e a Faculdade de Formação de Professores. Na década de 30, fixa-se a liderança do professor Áureo de Oliveira Filho, na educação secundária. O pioneirismo do Colégio Santanópolis educou a juventude de Feira e atraiu jovens da região e de toda a Bahia. Se o ensino superior demorou a se interiorizar, começando a partir dos anos 60, por sua vez, a então educação secundária, ginásios e colégios, progrediu muito lentamente. O Santanópolis de Feira, o Colégio Taylor Egídio de Jaguaquara, o Ginásio Municipal de Ilhéus e o Clemente Caldas de Nazaré das Farinhas foram, pontualmente, os estabelecimentos pioneiros do ensino secundário no interior da Bahia.
O ensino médio público se concentrou em Salvador. De 1836, quando se criou o Liceu Provincial, até 1947, com o surgimento dos ginásios de bairro, contávamos apenas com um único colégio secundário público, o Colégio Central, além das escolas normais.
Antes do Santanópolis, o governo Góes Calmon instituiu a Escola Normal, em Feira de Santana. Contribuição importante para a formação de professores primários. Era prefeito Arnold Silva. A dissertação "Mestras do Sertão", de Antônio Roberto Seixas Cruz (Uefs), demonstra o desempenho profissional das primeiras normalistas.
Todavia, bem antes da Escola Normal e do Santanópolis, tivemos as escolas públicas de primeiras letras e do fundamental, no final do século XIX e início do XX, demonstração da política educacional da República positivista.
A imponência dos prédios escolares, como o Grupo Escolar J.J. Seabra, onde hoje funciona o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), atesta a importância que foi dada à educação primária da classe média, pela administração municipal, do mesmo modo os edifícios das escolas Maria Quitéria e João Florêncio Gomes.
O Colégio Santanópolis elevou o nível intelectual da cidade e quebrou a monotonia urbana com a presença agitada e irrequieta dos ginasianos. Para tanto, Áureo Filho congregou médicos e advogados, a elite profissional.
Com a última reforma de Capanema, passou de ginásio a colégio. Inovou no ensino e estimulou a cultura municipal de diversos modos.
Poucos fizeram tanto pela educação de Feira como o professor Áureo Filho, estendendo a sua luta pelo ensino onde estivesse, em nossa Feira, em Salvador, na Assembléia Legislativa da Bahia, na presidência do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino e, principalmente, na criação da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Uma outra geração de professores se manifesta com a criação da Faculdade de Formação de Professores, a partir de 1968, com cursos de Letras, Estudos Sociais e Ciências.
Destaca-se a bióloga Marinita de Oliveira Menezes, filha do professor Áureo, coordenadora do primeiro Curso de Ciências fora da capital.
Formada em História Natural, especializou-se em Zoologia Animal Comparada, instalou moderno e completo Laboratório de Ciências, adquirido em uma fundação especializada em equipamentos para o ensino científico apoiada pela Unesco. Dentre os alunos formados na primeira turma, sobressaiu José Raimundo de Azevedo, orador da turma, ex-prefeito de Feira e atual secretário de Educação.
A etapa seguinte foi o da universidade, quando surgem novas lideranças, como a do professor Gil Mário de Oliveira Menezes, neto do professor Áureo, duplamente graduado em Educação Física e em Artes Plásticas. É a terceira geração da família consagrada à educação e à cultura de Feira, cada vez mais enriquecida com as suas obras de arte, especialmente, os monumentos ao Caminhoneiro e a Georgina Erismann.
Publicado no Jornal A Tarde de 03/09/2010








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